Localizado no Bosque dos Buritis, o Centro Livre de Artes (CLA), unidade da Prefeitura de Goiânia gerida pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult), atualmente atende 1,3 mil alunos em 80 turmas de oficinas artísticas gratuitas. Deste total, cerca de 85% são mulheres, sendo 40% com idade acima de 60 anos, e o restante são alunas crianças, adolescentes, jovens e adultas. A diretora da unidade, Teth Musse, explica que a estatística acontece de forma natural. “Temos turmas mistas e outras exclusivas para mulheres, mas a nossa maior procura e frequência é o público feminino, desde as bebês de dois aninhos até as nossas idosas”, pontua.
A turma da oficina Arte Entre Nós, por exemplo, é composta por oito alunas. Uma delas é a aposentada Antonieta Salu, 82 anos. Ela conta que iniciou as aulas em busca de ocupar melhor o tempo. “Eu moro aqui perto e fiquei sabendo o que tinha aqui, vim conhecer e me apaixonei por tudo, pela professora Rejane, pelas aulas, pelas amigas de sala, e o bosque é lindo. Aqui eu percebi que tinha muito ainda o que aprender na minha vida. Além disso, o cotidiano das aulas contribui para minha saúde mental, corporal e espiritual”, afirmou.
Colega de sala da Antonieta, a psicanalista Miryan Karla, 48 anos, iniciou as aulas no CLA durante a pandemia. “Eu estava completamente perdida e aqui eu me encontrei, me redescobri na Arte Entre Nós. Somos nós juntas, desatando os nós das nossas vidas. Hoje eu sou uma nova mulher, faço questão de tirar um tempo só para me cuidar. A nossa professora nos ajuda a enxergar as coisas de uma perspectiva a partir da arte, faz o nada virar tudo. Trabalhamos vendo o tempo com começo, meio e fim, entendendo o processo e assim é a nossa vida”, pontua.
Outra aluna da mesma turma é a artesã Dirce Garcia, 60 anos. Natural do Rio Grande do Sul, ela vive em Goiânia há mais de 10 anos, e está na escola desde 2016. “O CLA se tornou uma família e isso me ajuda muito a me conhecer, me valorizar, me sentir útil. Fiquei sendo só dona de casa muitos anos e com a idade fui me sentindo inútil. Aqui em fui entendendo o meu valor, descobri meus dons, meu talento para minha arte e hoje eu consigo produzir, vender meus bordados, tricô e pinturas. Eu sou muito feliz aqui”.
Orgulhosa das alunas, a arteterapeuta e professora Rejane Villar afirma que é gratificante ver a evolução de cada uma. “Esse eixo condutor da arte amplia a percepção, o olhar sobre aquilo que muitas vezes é invisível na nossa vida. Então, quando tratamos aqui temas que nos fazem sentir o outro, se sentir, levamos isso para a realidade da vida. A arte conecta, provoca e desperta sentimentos. E temos aqui um grupo de mulheres lindas, que se fortalecem juntas, se redescobrem a cada aula. Independente da idade, o universo feminino abrange diversas questões, cada uma aqui tem sua bagagem, sua vivência e compartilhamos, trocamos experiências, nos cuidamos juntas. Ser um agente facilitador disso é motivo de muita gratidão e realização profissional pra mim”, ressalta a professora.
O CLA não está com o período oficial de inscrições aberto, porém, neste semestre, algumas vagas ainda não foram preenchidas e estão disponíveis nas seguintes oficinas: Dança Afro, Alongamento, Relaxamento e Consciência Corporal, Danças Populares Afro-Brasileiras, Capoeira Angola, Música e Movimento, Oficina Integrada, Brincando com a Arte e Desenho e Figura Humana. A inscrição pode ser feita presencialmente na secretaria da escola das 8h às 12h e das 14h às 20h. É preciso levar documento de identidade original com foto. A quantidade de vagas, datas e horários das aulas estão disponíveis no Instagram do CLA @centrolivredeartesgoiania.
Fotos: Secult
Secretaria Municipal de Cultura (Secult) – Prefeitura de Goiânia